Rondonópolis é elevado a Distrito – O primeiro casamento civil já foi realizado
Na imensidão do vazio Centro-Oeste do Brasil, às margens do Poguba – Rio Vermelho -, num minúsculo povoado,uma cerimônia de casamento civil acontecia.✌
Recentemente nomeado, presidia a cerimônia o primeiro Juiz de Paz, Benjamin Rondon, secretariado pelo primeiro Escrivão de Paz, Severiano Godofredo D’Albuquerque, e perante as testemunhas Virgílio Dias de Moura, Pedro Ribeiro de Queiroz, Joaquim Rodrigues Netto, Manoel José de Andrade, Antônio Rodrigues dos Santos, Eloy Pereira da Cruz, Pedro Pereira da Silva e José Francisco Dias. Após formular as palavras de praxe, o Juiz recebera dos noivos Antônio Bazílio de Moraes Delgado e Heresina Corrêa dos Santos o “sim”, que não só confirmava a intenção dos nubentes, como referendava para a posteridade a data do enlace, 3 de novembro do ano da graça de 1921, às 7h da
manhã, como a do nascimento oficial daquela que seria a esfuziante Rondonópolis.❤
A sociedade mais organizada das imediações, os índios bororos, ao saberem do que iria acontecer, saíram da Aldeia Tadarimana, em suas ubás, que velozes como flechas, cortaram as águas do Poguba até o povoado. E, sorrateiramente, se aproximaram, portando seus adornos de penas multicoloridas, curiosos de saberem como os “civilizados” se casavam.💢💢💢
Desinteressados, e achando tedioso o ritual de casamento dos “civilizados”, os bororos, ao som da palavra “marigo”, pronunciada pelo chefe, prosseguiram viagem, descendo o Poguba, em direção ao Poguba Xoreu (Rio São Lourenço), com destino à Aldeia Tereza Cristina. Lá, fariam uma temporada de caça e pesca, e dançariam o “bakororô”.
Rondonópolis fôra elevada a Distrito, por força da resolução nº 814, de 8 de outubro de 1920, sancionada por Dom Francisco de Aquino Corrêa, bispo de Prusiade, então presidente do Estado de Mato Grosso.
Entretanto, as autoridades rondonopolitanas se esqueceram de homenagear Dom Aquino Corrêa, um imortal da Academia Brasileira de Letras e considerado no mundo acadêmico nacional como o mais ilustre dos mato-grossenses.
Nenhum monumento, nenhuma praça e nenhum logradouro de renome em Rondonópolis ostenta o nome desse grande vulto de nossa história.
Lamentavelmente os prefeitos de Rondonópolis, talvez por serem todos forasteiros, não se sensibilizaram com os valores históricos desta terra.
Um deixara ruir o histórico prédio dos Correios; outro, teve a infeliz idéia de destruir, por decreto,o primeiro cemitério da cidade, na Avenida Bandeirantes – um museu a céu aberto, onde estavam sepultados os pioneiros.
Pasmem: já se teria cogitado, até, a venda do sacrossanto templo da cidadania rondonopolitana: o prédio da Câmara Municipal, onde ocorreram os maiores eventos oficiais de Rondonópolis!!!
Á guisa de informação, contam que Benjamin Rondon fôra o primeiro farmacêutico de Rondonópolis, e que também era filho do célebre sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon.
“Ad perpetuam rei memorian”
* VALDEMIR PAES LANDIN é tabelião em Chapada dos Guimarães. E-mail: landin@vsp.com.br
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